terça-feira, 19 de maio de 2009

A Igreja Hodierna e o Temor a Deus

Moisés desceu do monte ao povo e santificou o povo; e lavaram suas vestes
Êxodo 19.14

No livro de Êxodo encontramos uma das primeiras manifestações claras de Deus ao povo escolhido. O Senhor apresentou-se ali à congregação eleita, povo que havia redimido da escravidão do Egito, fazendo deste sua propriedade exclusiva, voltado para sua glória e honra.
O pastor, líder e profeta Moisés tinha sob sua responsabilidade o cuidado daqueles eleitos de Deus, de ensinar-lhes acerca do temor ao Senhor e da verdadeira adoração/serviço ao Todo-Poderoso.
Antes de descer aos peregrinos hebreus, Moisés recebe claras instruções da parte de Deus sobre a forma que o povo deveria aproximar-se dEle, instruções estas que deixavam óbvio o caráter de Deus e a forma de relacionamento que este estabelecia com seu povo. Lemos no mesmo capítulo 19: "Vai ao povo e santifica-os hoje e amanhã, e estejam prontos para o terceiro dia; porquanto no terceiro dia o Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o Monte Sinai. E marcarás limites ao povo em redor, dizendo: Guardai-vos, que não subais ao monte nem toqueis seu termo; todo aquele que tocar o monte, certamente morrerá. Nenhuma mão tocará nele... (Êx 19. 10-13)"

Para encontrar-se com Deus, para d´Ele ouvir, para receber do Senhor deveria haver temor e santidade. A falta deste temor, a ausência desta santidade seria punida com a morte. Cultuar a Deus não era algo como brincar com o Altíssimo, deveria ser uma atitude reverente frente ao Santíssimo.
Em nossos dias, à guisa de uma pseudo-intimidade, uma pseudo-informalidade, um evangelho mais atrativo aos homens, o temor e a santificação com relação a Deus e às coisas de Deus tem sido deixada de lado.
Uma matéria da revista Veja desta semana trouxe uma reportagem sobre um sacerdote protestante que se tornou o "queridinho" para as celebrações matrimoniais. Segundo esta, o sacerdote teve um aumento de 70% em suas celebrações, comparando com o ano de 2004. Só no ano passado foram 350 casamentos. Ao transcrever um trecho de seu sermão proferido na cerimônia acompanhada pela revista, registram-se os seguintes dizeres: A noiva escolheu a cor do vestido inspirada na Daslu? Não, minha gente. O branco é inspirado nas palavras do rei Davi, no Antigo Testamento, num momento de arrependimento: "Deus, tira de mim o meu pecado, lava-me e ficarei mais branco que a neve". Branco, portanto, é pureza. Mas não no sentido que vocês estão pensando, essas bobagens de virgindade. Ele representa a pureza do sentimento que aproximou esses noivos há três anos e onze meses (...) Cada um de vocês é testemunha dessa pureza."
Pois bem, a "bobagem da virgindade". A "bobagem" de um preceito da Palavra de Deus. Da mesma forma, conteúdos básicos das Escrituras teem sido reputados por bobagens. A "bobagem" da fidelidade matrimonial, a "bobagem" do pecado, a "bobagem" da realidade do inferno, a "bobagem" da santificação.
Falar de um Deus que é SANTO que requer que todos aqueles que dele se aproximam venham a fazê-lo em santidade não enche igrejas. Não atrai aqueles que são -e quanto menos os que não são- "amigos" do evangelho. Falar das coisas de Deus não é atrativo, pelo contrário, afasta.
Levados pela modernidade, muitos líderes espirituais tem seguido essa idéia. Deixam de falar dessas "bobagens" arcaicas e anunciam um novo evangelho. Não o evangelho puro e simples das Escrituras, mas o evangelho do gosto do povo, o evangelho personalizado: cada um segue e crê no que melhor se ajusta à sua visão e conduta de vida. E nessa brincadeira, o temor a Deus, a reverência pelas coisas do alto, a seriedade exigida na comunhão com Deus é omitida intencionalmente.
Não precisamos, amados irmãos que comungam na mesma denominação que eu, ir tão longe. Certa vez visitando uma igreja da nossa denominação na cidade de Maceió tive uma das maiores decepções destes 16 anos de fé cristã que tenho. Além do sermão ter sido um dos piores que ouvi, sem nexo, sem idéia central, confuso, etc, ao final do culto, após a Ceia do Senhor, o pastor virou-se para o grupo de louvor e disse literalmente: toquem qualquer bobeirinha aí pra gente encerrar o culto! Sinceramente não sabia o que fazer: não sabia se chorava, não sabia se confrontava aquele indivíduo por sua atitude, não sabia se corria de vergonha -pois naquele dia havia levado um visitante à igreja-.
O que tem acontecido? As verdades de Deus agora são bobagens? A liturgia do culto, que também é adoração a Deus, pode satisfatoriamente ser completada acrescendo-se uma bobeirinha qualquer? Ai de nós! Ai de nós! Vai chegar o dia em que o Santo dos Santos vai novamente tocar a terra, e, certamente, aqueles que profanaram a santidade de sua Palavra e de seu santuário (entenda-se aqui sua igreja) vão perecer! Cabe a nós lutar para manter o pouco que resta de temor a Deus e conduzir o povo de forma consciente sobre esse temer ao Senhor, mostrando que Deus não é uma bobagem qualquer e que seu santo caráter e santa palavra também não o são. Que Deus tenha piedade de nós.
Oração: Senhor, tende piedade de nós. Afasta de teu povo tua ira, afasta de nós os lobos e falsos profetas que deturpam a tua verdade e falam de mentiras de seu próprio coração como se procedessem do alto. Guarda, Senhor, tua igreja. Por Cristo Jesus, Amém.
Salmos do dia: 102-105

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