sexta-feira, 5 de junho de 2009

PARA NÃO SE ESQUECER

Então, testificarás perante o SENHOR, teu Deus, e dirás...
Deuteronômio 26.5

Gosto muito do Antigo Testamento. Gostaria, se tivesse oportunidade, de especializar-me na área. Lembro-me que no seminário, apesar dos pesares, amava as aulas de hebraico e de Teologia do Antigo Testamento.
Dentre as muitas características particulares vétero-testamentárias, uma das que mais chamam minha atenção é a persistência pedagógica de Deus para com o povo naquilo que se refere ao conhecimento de Si.
Enfaticamente no Pentateuco e no livro dos Salmos vemos ordens para não nos esquecermos de Deus e de seus feitos, exercícios de sempre trazer-se à memória as obras de Deus e sua natureza; rememoração de sua fidelidade e seus feitos na história de seu povo. Assim o vemos na celebração da páscoa -conforme toda orientação que é dada no pentateuco-, a celebração da Festa das Semanas, o Dia da Purificação, etc. Tudo visava trazer à memória do povo quem eles eram, o que são e quem Deus é e o que Ele fez. Isto se repete por todo Antigo Testamento. Aparece nos proféticos, seja no pronunciamento de juízo ou promessa da graça de Deus, onde o povo é chamado a olhar e ver Deus na sua história, seja numa aplicação consoladora para o povo que sofria sob opressão dos povos ao redor.
O texto apresentado logo no início toca mais um "exercício" destes. É um ato piedoso: o oferecer a oferta do primeiro fruto colhido na terra que o povo haveria de possuir. A ordem é clara: ao apresentar-se ao sacerdote, após depositar sua oferta diante do altar, o crente hebreu deveria dizer as seguintes palavras, rememorando o que Deus fizera por seu povo:
"Então, testificarás perante o SENHOR, teu Deus, e dirás: Arameu prestes a perecer foi meu pai, e desceu para o Egito, e ali viveu como estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser nação grande, forte e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram, e afligiram, e nos impuseram dura servidão. Clamamos ao SENHOR, Deus de nossos pais; e o SENHOR ouviu a nossa voz e atentou para a nossa angústia, para o nosso trabalho e para a nossa opressão; e o SENHOR nos tirou do Egito com poderosa mão, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres; e nos trouxe a este lugar e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel."
O que vemos aqui? A orientação de que o ofertante deveria não somente trazer à memória -fato óbvio ao se declarar algo-, como também proclamar e reconhecer Deus em toda sua história, desde o seu mais profundo nascedouro: arameu foi meu pai... Ele voltaria ali até Abraão e de forma resumida anunciaria os feitos de Deus até seus dias atuais, naquele momento em que a promessa de Deus a seu pai arameu se fazia palpável, testemunhada pela oferta depositada diante do altar.
Essa persistência didática do Velho Testamento, óbvio, tem razão de ser. O povo era sepre exortado a se lembrar do que Deus fez, de sua fidelidade. Qual a razão? A rapidez com a qual o homem se olvida de Deus e do que Ele fez. Se assim não o fosse, não haveria razão para tanta insistência.
No que pecamos hoje? Pecamos em nos esquecer do que Deus fez. Sofremos aflições e não nos recordamos que Deus nos socorreu em todas as que hoje fazem parte de nosso passado. Pouco rememoramos nossa história da salvação! Menos ainda a anunciamos a nossos filhos. Pecamos por omitir, nos abstermos dessa santa didática. É fato: mais rápido do que qualquer outra coisa, nossa mente decaída sofre uma "perda de memória", uma "amnésia" das coisas que o Altíssimo operou por nós.
Que fazer? Trazer à memória os feitos de Deus em nossa história, para que dEle não nos esqueçamos.
Oração: Faze, Senhor, sempre viva em minha memória e coração tudo o que fizeste em minha vida. Não permita, Deus de graça, que me esqueça do que era e do que sou hoje, na graça de Jesus Cristo. Por teu filho amado, amém.
Leituras do dia:

Sexta – 05/06: Salmo 40, 54, Salmo 51, Deuteronômio 26:1-11, 2 Coríntios 8:16-24, Lucas 18:9-14

Salmos do dia: 30-34

Um comentário: